Prepare-se para o El Niño em 2023
Segundo pesquisadores da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), dos Estados Unidos, há 65% de probabilidade de isso acontecer entre julho e setembro.
Após três anos de influência no clima global, chegou ao fim em fevereiro o La Niña, fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico equatorial. Com isso, tem início a transição para o El Niño, que deve elevar as temperaturas em todo o planeta. Segundo pesquisadores da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), dos Estados Unidos, há 65% de probabilidade de isso acontecer entre julho e setembro.
Ainda não é possível prever exatamente quando seus efeitos serão sentidos pela população, mas sabe-se que o El Niño vai se desenvolver a partir de maio, provavelmente, e ao longo do segundo semestre. Caso a previsão se confirme, o fenômeno deve influenciar fortemente a atmosfera, levando a temperaturas elevadas e períodos de chuva prolongada.
O último episódio de El Niño foi entre 2015 e 2016, ano mais quente da história, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Os efeitos desse evento climático podem durar até 18 meses. Desde 2020, as estações foram marcadas pelas consequências do La Niña, responsável pelo aumento de fortes temporais, como os registrados no Norte e no Nordeste nos últimos anos, bem como pela seca no Sul.
O El Niño se caracteriza por levar a um aquecimento anormal do Oceano Pacífico equatorial. Conforme explica Estael Sias, meteorologista da MetSul e mestre em Ciências Atmosféricas pela Universidade de São Paulo (USP), geralmente ocorre aquecimento persistente, que leva até três meses. Isso acontece porque os ventos alísios sopram com uma intensidade bem menor do que o normal.
A temperatura do mar nessa região, próxima da linha do Equador, sobe pelo menos meio grau acima da média, podendo chegar a 28º C. Isso acaba formando um ar quente e alterando os padrões atmosféricos em diversos pontos do planeta. Na Indonésia, na Amazônia e no Nordeste do Brasil, principalmente, a tendência é de seca e de elevação intensa das temperaturas. “O que causa esse aquecimento ainda é uma incógnita para a ciência, mas podemos prever que o evento irá ocorrer, acompanhar seu desenvolvimento e projetar consequências”, afirma Estael. Segundo ela, agora é momento de neutralidade.
EFEITOS
De acordo com Carlos Nobre, doutor em Meteorologia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o efeito do El Niño é complexo, porque se junta também a um forte jato subtropical. Trata-se de uma corrente de ar intensa, de mais de 100 km/h. “O ar seco que vem do oceano se junta a esses ventos fortes, que circulam em cima do Sul do Brasil, por exemplo, provocando muita precipitação. O Uruguai, o Paraguai e o centro-leste da Argentina também sofrem com esse impacto”, diz.
Aqueles que vivem no Sul do Brasil devem se preparar para um período de muita umidade, com chuvas prolongadas e intensas, que pode durar meses. Isso foi observado em 2015, quando houve precipitação por vários meses seguidos no Rio Grande do Sul. No Norte e no Nordeste, há grandes chances de vir um grande período de seca, com prováveis prejuízos à produção agrícola e quebra de safras. Além disso, a aridez na Amazônia pode favorecer as queimadas.
Para Nobre, a grande preocupação é que o aquecimento global pode intensificar os efeitos do El Niño, e o Brasil não está preparado para lidar com as consequências disso. “Já aquecemos o planeta e ainda vamos aquecer. A tendência é de que esses eventos sejam cada vez mais extremos. O Brasil está muito atrasado em termos de políticas públicas voltadas para a adaptação às mudanças climáticas. Nossa resposta a esses fenômenos é precária, como observado no episódio das chuvas no litoral norte.”
Com o aquecimento global, são registradas temperaturas mais altas, contribuindo para a evaporação do Oceano Pacífico. “Quando se formar o El Niño, haverá mais calor e evaporação das águas do mar”, diz o cientista. Em cem anos, o fenômeno mais grave foi registrado em 2016. Segundo Nobre, eventos climáticos de chuvas intensas ocorriam só uma vez por década antes do século 19. Depois, passaram a ocorrer ao menos 30% mais vezes.
Matéria
O Estado de S. Paulo.11 Apr 2023
SOFIA LUNGUI

Efeitos no Brasil Aquecimento anormal do Pacífico deve trazer seca para a Amazônia, o Nordeste e a Região Sul do País
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